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A Reforma da Previdência tem sido
um dos temas mais noticiados nos últimos dias. E pelo que tem sido divulgado,
os estudos para a Reforma da Previdência utilizam, como base, o atual sistema
previdenciário do Chile, implantado no início da década de 1980.
O sistema previdenciário chileno
O Chile não conta com uma
previdência pública propriamente dita. Tem-se, em verdade, um sistema de
capitalização compulsória. Isto é, a fonte de custeio das aposentadorias recai
exclusivamente sobre o segurado. Distingue-se bastante, portanto, do sistema
brasileiro, em que são múltiplos os responsáveis pelo custeio da Previdência,
como o Estado, o empregado e o empregador.
Lá o empregado contribui com 10%
do seu salário, que é creditado em uma conta administrada por empresas
privadas, que utilizam o valor arrecadado para investir no mercado financeiro.
Além disso, há a cobrança de uma taxa de administração. Não raros os casos,
aliás, em que já ostentando idade avançada, com a capacidade laboral diminuída
pelas limitações físicas, o segurado se vê desamparado com o valor da
aposentadoria, por vezes, muito abaixo do salário mínimo vigente.
No Brasil, é possível realizar um
cálculo que projeta o valor aproximado da futura aposentadoria, enquanto no
Chile o trabalhador só terá essa informação quando da aposentação.
Outro aspecto a ser observado
diante da realidade daquele país, é o cenário aflitivo dos idosos que se aposentam
no regime de capitalização. O número de suicídios aumentou bastante, já que as
pessoas passaram a viver em situações de miserabilidade extrema, em função dos
valores irrisórios das aposentadorias. Não há que esquecer que essa fase da
vida implica, por si só, gastos até então ignorados, como medicamentos,
tratamentos médicos etc.
O sistema de capitalização traz à
tona, ainda, outro problema: se o segurado viver mais do que era esperado,
conforme a expectativa de vida aumenta, é bastante provável que o dinheiro
arrecadado acabe, deixando-o totalmente desabrigado também por este
motivo.
Em síntese, trata-se de uma
previdência privada que acaba prejudicando o contribuinte e favorecendo apenas
as seguradoras que utilizam do fundo de aposentadorias para investir no mercado
financeiro.
Essa é a realidade que os
chilenos estão enfrentando após 30 anos da implantação do regime de
capitalização. Infelizmente não tiveram outra opção, pois a reforma foi
implantada em meio à ditadura Pinochet, obrigando o povo chileno a aderir ao
sistema então criado.
Por isso, cabe questionar: seria
aquele sistema uma boa ideia para basear a reforma do nosso sistema
previdenciário?